Miniconto: Realidade

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Era uma vez uma menina chamada Anna, ela vivia isolada em seu quarto e era viciada em livros, fantasia e jogos.

Seus jogos a ajudavam a esquecer o bullying que sofria, lá ela era uma guerreira ruiva, bonita, forte e respeitada, tinha muito dinheiro e um castelo cheio de criados. Seus livros a colocavam em guerras, lhe davam amigos fiéis e poderes, o mundo era melhor na literatura, mesmo com todos os problemas que o autor apresentava. E os filmes a faziam esquecer, o som era mais alto que seu choro e eles eram uma ótima desculpa para não sair do quarto.

Nada disso existe de verdade? O mundo de Anna é uma farsa? Uma perda de tempo? O escapismo a fazia feliz de uma forma que a sociedade nunca fez, um sorriso surgia em seu rosto toda vez que vestia sua armadura ou colocava sua coroa. E daí que ela era apaixonada por um garoto que não existia? E daí que ela fingia cavalgar em um cavalo sangue-puro? Se ficar acordada era impossível sem acabar magoada ou depressiva, por que não "dormir por cem anos" e viver num mundo melhor?

Por mais que Anna negasse, o lugar onde ela era apenas uma "vítima" sem nenhum poder mágico existia, fantasia nenhuma iria fazer esse mundo deixar de ser real, e no fundo Anna sabia disso. Mas a fantasia lhe ajudava a viver a realidade. Ela administrava dois universos: o lugar onde estudava e crescia na vida, para um dia ter uma profissão e uma família; e o mundo onde podia fazer o que quisesse e aprender a ser uma pessoa melhor. As pessoas más estavam em ambos os mundos, pois é impossível que exista só o bem, mas onde quer que Anna estivesse, combater o mal sempre foi seu principal objetivo, seja por meio de uma espada ou por meio de um sorriso, afinal, seus inimigos odiavam seus sorrisos.

Entre viver louca ou viver triste, Anna sempre preferiu suas veias de loucura. A realidade é só uma questão de ponto de vista, a partir do momento que você imagina, aquilo existe. Ainda não é proibido sonhar.

Beijos... Samantha Culceag.